
É muito comum ouvir pessoas dizerem "o mundo está mesmo perdido". Cada vez que esta frase é pronunciada por uma boca que carrega uma história cheia de experiências falidas, esquecidas, encubadas, engessadas e empobrecidas pelas barreiras impostas pela vida dura e de batalhas infindáveis, esvai-se um pouco de esperança, um pouco de respeito, um pouco de amor, um pouco de paz. Ou seja, perdemos muito.
Quando recebemos o dom de gerar um ser, não temos a dimensão plena da responsabilidade que geramos também. Muitos adultos buscam aprender, mas infelizmente isso já não pode ser generalizado. Enquanto adultos atribuímos à TV, à internet, ao vizinho, e até aos nossos pais a sublime e complexa missão de sermos pais educadores. Eles têm feito a parte deles...mas cuidado!
Achamos que digno é trabalhar enlouquecidamente para dar todo conforto que muitos de nós nem sequer sonhava em ter tido. Esquecemos aí que com muito menos do que nossos filhos têm hoje éramos muito mais educados, precavidos, responsáveis, críticos e formadores de opiniões sustentáveis. Esquecemos que éramos muito mais felizes.
E após ler tudo isto, eu lhes pergunto:
Que crianças queremos deixar para o futuro?
Já pensou nisso? Tenho esperança de que esta pergunta jamais tenha passado pela sua cabeça, afinal, não é o futuro que interessa.
Dalai Lama, grande exemplo de alma, um dia disse que os homens pensam tão ansiosamente no futuro que esquecem do presente de tal forma que nem vivem o presente nem o futuro. Pois bem pessoal, nossos filhos tem falado com tantas outras vozes que precisam de nós agora, no presente. O futuro é tão incerto que temos visto dia após dia ele não se concretizando. Cada vez que vemos o filho de 20 anos dos nossos vizinhos perdido nas drogas, à medida que vemos nos jornais o número crescente de adolescentes se prostituindo e saindo das escolas para trabalhar naquilo que nem nós nem eles sonharam para o tal Futuro, temos a obrigação de lembrar que o que importa de fato é o que fazemos agora, no presente. Ainda parafraseando Lama, temos vivido como se nunca fossemos morrer, e morremos como se nunca tivéssemos vivido.
Para concluir, peço à cada um que tenha se sentido tocado por estas palavras que lembrem-se delas todos os dias do novo ano. Desejo que todos nós sejamos capaz de enfrentar este grande vilão chamado Futuro à quem temos glorificado com tanto fervor, e assim possamos enxergar o que realmente importa para nossas crianças. Não é nada mais nada menos que respeito, carinho, amor e ATENÇÃO! Eles estão clamando por isto e temos cegamente insistido em expeli-los. E é gastando R$ 0,00 que podemos plantar as sementes que irão de fato germinar e virar grandes, robustas, e frondosas árvores, daquelas que compartilham valores de geração em geração e deixam memórias eternas.
Texto inspirado em Silvia Raquel Gonçalves, minha amada irmã.